sábado, 22 de novembro de 2008
Análise: crise pode apressar fim da hegemonia do dólar
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Economia
O mundo vive o caos econômico. Bancos, casas, empregos e empresas estão ameaçados. No entanto, o dólar parece estável.
É um símbolo e uma alavanca da liderança e poder dos Estados Unidos, é a unidade de cálculo para boa parte da atividade econômica mundial. E, em tempos de crise, tem servido freqüentemente como um porto seguro.
Mas, no longo prazo, alguns especialistas acreditam que a crise pode marcar uma mudança no destino do dólar, apressando uma queda de seu poder que já vinha diminuindo seu valor nos últimos anos.
"Acredito que a atual crise financeira vai apressar o fim do dólar como a moeda de reserva do mundo", afirma Avinash Persaud, presidente da consultoria financeira britânica Intelligence Capital Limited.
Guerras
É um símbolo e uma alavanca da liderança e poder dos Estados Unidos, é a unidade de cálculo para boa parte da atividade econômica mundial. E, em tempos de crise, tem servido freqüentemente como um porto seguro.
Mas, no longo prazo, alguns especialistas acreditam que a crise pode marcar uma mudança no destino do dólar, apressando uma queda de seu poder que já vinha diminuindo seu valor nos últimos anos.
"Acredito que a atual crise financeira vai apressar o fim do dólar como a moeda de reserva do mundo", afirma Avinash Persaud, presidente da consultoria financeira britânica Intelligence Capital Limited.
Guerras
Persaud cogita se o custo das guerras em outros países combinado com os problemas econômicos domésticos não foram uma carga pesada demais para os Estados Unidos.
Mas o fato de o dólar perder seu status poderia acabar sendo o fim de um grande bônus para os Estados Unidos.
Para o governo americano, não existia nada parecido com a expressão "viver além de seus meios". Com o resto do mundo exigindo dólares, tudo o que os Estados Unidos tinham que fazer era continuar imprimindo mais notas.
Isso tornava possível coisas que nenhum outro governo poderia imaginar, um poder que os adversários dos Estados Unidos apontavam como um "privilégio exorbitante".
No começo da década de 70, o então secretário do Tesouro americano, John Connally, chegou a dizer a outros países, de forma brutal, que o dólar era "nossa moeda, mas problema de vocês".
Euro
Mas o fato de o dólar perder seu status poderia acabar sendo o fim de um grande bônus para os Estados Unidos.
Para o governo americano, não existia nada parecido com a expressão "viver além de seus meios". Com o resto do mundo exigindo dólares, tudo o que os Estados Unidos tinham que fazer era continuar imprimindo mais notas.
Isso tornava possível coisas que nenhum outro governo poderia imaginar, um poder que os adversários dos Estados Unidos apontavam como um "privilégio exorbitante".
No começo da década de 70, o então secretário do Tesouro americano, John Connally, chegou a dizer a outros países, de forma brutal, que o dólar era "nossa moeda, mas problema de vocês".
Euro
Desde aquela época, a Europa desenvolveu sua própria moeda, o euro, que assumiu um papel internacional.
À medida que sua força perante o dólar aumentava, o euro desafiou a reputação da moeda americana. Supermodelos em Nova York começaram a pedir que seus contratos fossem em euros.
Mas os líderes europeus não parecem dispostos a ver sua moeda se transformando no dinheiro de reserva mundial.
"A Europa tem ambições bem menores do que os Estados Unidos jamais tiveram", afirma David Marsh, um banqueiro que está terminando um livro que analisa o nascimento do euro.
China
À medida que sua força perante o dólar aumentava, o euro desafiou a reputação da moeda americana. Supermodelos em Nova York começaram a pedir que seus contratos fossem em euros.
Mas os líderes europeus não parecem dispostos a ver sua moeda se transformando no dinheiro de reserva mundial.
"A Europa tem ambições bem menores do que os Estados Unidos jamais tiveram", afirma David Marsh, um banqueiro que está terminando um livro que analisa o nascimento do euro.
China
Uma potência econômica ascendente como a China poderia ser a responsável pelo eventual sucessor do dólar.
No momento, a China não tem o mercado aberto ou as instituições para assumir esse papel. Mas Avinash Persaud lembra que o mesmo foi dito dos Estados Unidos há um século.
Os Estados Unidos não tinham um Banco Central até 1913, no entanto, depois de algumas décadas, o dólar desafiava a libra esterlina na dominação do mundo.
Atualmente, a China tem um enorme interesse em tudo o que acontece com o dólar porque acumulou bem mais do que US$ 1 trilhão em bens graças a seu recente crescimento econômico. Por isso, a China tem interesse em um dólar forte.
Mas Pequim também tem o poder de prejudicar a moeda americana se escolher mudar seus bens.
O secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, descreveu isso com "equilíbrio do terror financeiro".
"É como a idéia de retrocesso mútuo garantido", afirma o cientista político americano Barry Eichengreen. "Esperamos que todos respeitem o poder financeiro do outro lado, mas que esse poder destrutivo não seja usado."
Petrodólares
Um novo tipo de diplomacia econômica americana precisa surgir, particularmente com os países do Golfo Pérsico. Eles não apenas têm dólares, eles também determinam o preço do petróleo em "petrodólares".
O governo americano está dividido. Países ricos em dólares podem exigir uma moeda americana forte, mas isso pode ser ruim para os exportadores americanos -transforma cada carro ou computador americano vendido em outro país em um produto caro.
É por essa razão que se permitiu que o valor do dólar caísse nos últimos seis anos, e a moeda mais fraca melhorou as exportações dos Estados Unidos.
Jim O'Neill, chefe de pesquisa global na Goldman Sachs, diz acreditar que "estamos entrando em um estado muito confuso e um pouco preocupante em que não vai haver um único país liderando o mundo, da maneira que os Estados Unidos fizeram, e tampouco com uma única moeda".
O próximo presidente americano terá pela frente um delicado exercício de equilíbrio.
Se os países que têm muitos dólares não gostam do que está acontecendo com a moeda americana, eles poderão procurar alternativas. E todos sabem que, no fim das contas, o poder do dólar precisa cair enquanto o equilíbrio das potências econômicas muda.
O dólar não é mais a moeda dos Estados Unidos e problema de todos os outros países. É a moeda do mundo e, principalmente, um problema americano.
Fonte: BBC Brasil
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